Quando se ama alguém, tem-se sempre vontade. uma vontade louca e desesperada, seja do que for, e espera-se. espera-se o tempo que for preciso. se ela por algum motivo não vem, nos esperamos, esperamos porque não nos é permitido esquecer, não nos é permitido fugir.
Ficamos retidos no tempo, por relógios imaginários com ponteiros de papel.
O tempo passa, os ponteiros mexem, mas a vida não anda, fica presa á pessoa que nos roubou a noção de tempo e nos condenou ao passar dos dias na sua ausência.
Viver na espera dói e cansa, hibernamos e vegetamos, entregamo-nos á nossa própria solidão, embarcamos num navio a caminho do naufrágio.
E se o resgate não vier nunca ? e se "nunca" não existir? existirá "sempre" ? talvez, talvez não.
Aprendi a substituir "sempre" por "ate ao fim" e "muito tempo", não por tua causa mas porque me fechei para ferias e me esqueci que é bom sonhar.
Passam-nos mil e uma hipóteses pela cabeça, e a probabilidade de acertar em um desses dramáticos desfechos inventados pela nossa cabeça é mínima, tao pequena, mas tao inevitavelmente aceite.
Contigo tudo parece certo, tudo parece infinito e sabe tão bem.
Ainda bem, ainda bem que voltaste. Viver sem ti é viver na espera, viver com uma esperança vã, esperar que a vida nos traga aquilo que mais desejamos, na incerteza de um amanha que demora sempre a vir.
É bom ter-te, é bom ver-te crescer com o passar dos dias e cuidar de ti. Saber que agora é de mim que precisas, que passo a ser o teu centro de gravidade e que para além de mim não existe mais ninguém.
Lá vens tu, e sorris, sorris sempre, e sabe bem ver-te sorrir a meu lado, sabe bem ter-te por perto.
Páras os relógios, invertes o sentido dos ponteiros e abraças-me, abraças-me com forca.
Alteras as leis da física, ultrapassas raios de luz e deixas-me fora de órbita a flutuar.
Talvez eu não saiba dizer o valor da felicidade, apenas porque ninguém te tem como eu, não tens preço, não tens comparação. Assim sendo, peço-te, fica comigo. Fica comigo todos os dias, a todas as horas, não para um tal "para sempre" que não exista, mas por muito tempo até ao fim dos nossos dias.
Amar-te é pouco.